terça-feira, 24 de março de 2009
sábado, 14 de março de 2009
Teses e poesis
Ontem no almoço um amigo me disse algo que traduz exatamente o que tenho sentido desde que voltei a estudar: "estou com saudade da literatura". Saudade da leitura fluida de um romance, do simples prazer de se deixar enredar por uma história que sabemos inventada.
Embora todo meu interesse pela teoria, acho a escrita teórica um tanto dura e repetitiva. Leio um texto teórico como quem tenta escalar o Everest. A boa literatura, ao contrário, é um abandono ao balanço da rede em sombra amena.
O texto teórico é um desafio constante (o que é ótimo). E, às vezes, é também monótono e repetitivo. Raramente é poético. Mas, podemos encontrar nele, algumas vezes, momentos de prazer e poesia. Como nesse trecho pinçado de V. Kójinov, um crítico muito ligado a Bakhtin em seus últimos anos de vida, intitulado A concepção bakhtiniana sobre poesia lírica, onde ele transcreve algumas anotações inéditas de Bakhtin:
...A autoridade do autor é autoridade do coro. A obsessão lírica é essencialmente uma obsessão coral. (...) Eu me ouço no outro, com outros e para outros. (...) O coro possível – eis uma posição firme e de autoridade. (...) Eu me encontro na voz (...) alheia. (...) Esta voz alheia, ouvida de fora, que organiza minha vida interior na lírica, é o coro possível, a voz concordante com o coro, e que sente fora de si o apoio coral possível (...) numa atmosfera do silêncio e do vazio absolutos, ela não poderia soar assim; o rompimento individual e completamente solitário do silêncio absoluto tem caráter lúgubre e pecaminoso, degenera em grito, que assusta e incomoda a si mesmo; o rompimento solitário e totalmente arbitrário do silêncio (...) é cinicamente injustificado. Uma voz só pode cantar (...) num ambiente de possível apoio coral.
Embora todo meu interesse pela teoria, acho a escrita teórica um tanto dura e repetitiva. Leio um texto teórico como quem tenta escalar o Everest. A boa literatura, ao contrário, é um abandono ao balanço da rede em sombra amena.
O texto teórico é um desafio constante (o que é ótimo). E, às vezes, é também monótono e repetitivo. Raramente é poético. Mas, podemos encontrar nele, algumas vezes, momentos de prazer e poesia. Como nesse trecho pinçado de V. Kójinov, um crítico muito ligado a Bakhtin em seus últimos anos de vida, intitulado A concepção bakhtiniana sobre poesia lírica, onde ele transcreve algumas anotações inéditas de Bakhtin:
...A autoridade do autor é autoridade do coro. A obsessão lírica é essencialmente uma obsessão coral. (...) Eu me ouço no outro, com outros e para outros. (...) O coro possível – eis uma posição firme e de autoridade. (...) Eu me encontro na voz (...) alheia. (...) Esta voz alheia, ouvida de fora, que organiza minha vida interior na lírica, é o coro possível, a voz concordante com o coro, e que sente fora de si o apoio coral possível (...) numa atmosfera do silêncio e do vazio absolutos, ela não poderia soar assim; o rompimento individual e completamente solitário do silêncio absoluto tem caráter lúgubre e pecaminoso, degenera em grito, que assusta e incomoda a si mesmo; o rompimento solitário e totalmente arbitrário do silêncio (...) é cinicamente injustificado. Uma voz só pode cantar (...) num ambiente de possível apoio coral.
quinta-feira, 12 de março de 2009
A Faca no coração
Estas imagens fizeram parte da exposição A Faca no coração, realizada em 1988 durante a Semana Antimanicomial, no Rio de Janeiro. A Semana discutiu a questão manicomial brasileira. Fiz as fotos no Hospital Psiquiátrico de Jurujuba, em Niteroi. Na época cogitava-se a desativação do hospital. Pelo que pesquisei hoje, ele continua na ativa. Porém, uma série de mudanças foram implementadas. Se alguém souber mais notícias sobre o funcionamento atual de Jurujuba, comente aqui.
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