sábado, 25 de abril de 2009

pinhole day


Amanhã é o dia mundial da fotografia pinhole. Essa foto ai fiz hoje, pegando carona na latinha do professor Jo Name, no Centro de Artes, durante a oficina oferecida por ele e pelo professor Fábio Goveia, em homenagem à data. No primeiro plano, minha Caloi Terra e ao fundo o pezinho de cacau do Cemuni IV.

escolhas possíveis

(foto: Felipe Obrer)

um cão na noite
uma noite de cão

quinta-feira, 23 de abril de 2009

dos subterrâneos do sentir ao céu de cinzas pares

(chuva chegando em Guarapari)

É de gotas minúsculas de chuva que se faz o Oceano.
O sal, bem sei, vem das lágrimas dos rios e mares internos.

De palavra em palavra
vou tecendo meu oceano,
vou cantando meu sal
e renascendo das minhas cinzas.

(Poema de André Teixeira)

Projéteis


Quero conferir a exposição do Marcelo Gandini na Homero Massena. Gandini tem um trabalho muito consistente e essa nova exposição promete. Parece que ele está unindo suas duas faces numa só. A abertura será dia 28, às 20h. Dia 13 de maio, às 18h Gandini estará na galeria para um bate-papo com quem aparecer. A exposição pode ser vista das 10h às 18h, na galeria Homero Massena, Cidade Alta.

Na exposição Projéteis, Gandini reflete e pretende nos fazer refletir sobre a banalização da violência na sociedade. 12 alvos de treinamento de tiro perfurados por disparos de arma de fogo, pequenas caixas de acrílico com projéteis deformados utilizados nos disparos e os nomes das vítimas fatais atingidas por eles são os convites para o espectador refletir sobre a violência.

O artista plástico Marcelo Gandini também é o sargento Gandini, da Polícia Militar. A violência é matéria prima do seu trabalho na polícia. Longe de se acomodar numa vida de sargento, Gandini mostra sua inquietação utilizando os mais variados e inusitados meios. Restos de papel fotográfico dispensados pelos laboratórios de revelação viram expressão pura nas mãos do cara. Um pequeno barco, a Grandepequenacatraia, na baia de Vitória recebe uma busina de navio, na Bienal do Mar. E agora, unindo seus dois trabalhos, os projéteis utilizados para tirar vidas nos levam a pensar sobre a preciosidade que é viver. Viver em paz, sem sermos alvos fáceis de loucas balas perdidas.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Arte para o dia a dia

(Leo fotografando a mãe diante da Cow Wallpaper)

Hoje fui ver a exposição do Andy Warhol, no Maes. Se considerarmos o universo da produção do cara, a exposição tem poucas obras. Mas, é o suficiente para mostrar a diversidade das atividades do inquieto artista. Papa da Pop Art, Warhol queria mesmo era ficar rico com sua arte. Inventou, para isso, um jeito de reproduzir com menor esforço suas criações e vende-las para quem se dispusesse a pagar o melhor preço. Ser um mercenário da arte (coisa que ele próprio admitia), não o torna menos artista. Suas criações são pesquisas profundas sobre a visualidade, a impermanência da arte e o simulacro da obra. Além disso, Warhol deu novo significado ao cotidiano.
(Screen test, com Nuvens de Prata)

A Exposição do Maes - "Andy Warhol - Arte e Práticas para o Dia a Dia" - deixa bem claro a diversidade dessas pesquisas de Andy Warhol: além das serigrafias já conhecidas de todos (e reproduzidas ad infinitum em todos os suportes possíveis), a exposição traz para Vitória trabalhos poucos conhecidos e difíceis de encontrar, tais como os filmes em 16mm e os retratos e auto retratos em polaroides (obras lindas). Num dos filmes, Empire State, ele gravou por 8 horas seguidas, registrando as nuances das mudanças da luz do dia até a noite, num trabalho que lembra o impressionista Monet e as suas telas da Catedral de Rouen. Também podemos ver os famosos "screen test" com amigos e o filme Kiss (1963). A exposição reproduz, também, um pouco do clima da Factory, seu famoso estúdio, escritório e moradia, na réplica da exposição "Nuvens de Prata", de 1966.
(Kiss, com Nuvens de Prata)

Para quem quiser se divertir interagindo, a exposição conta ainda com uma mini oficina de serigrafia (que a gente pode fazer na hora) e uma máquina de xerox que tem a função de recriar as cápsulas do tempo de Warhol (caixas onde ele guardava várias coisas cotidianas e lacrava). O problema da tal cápsula do tempo xerocada é que os visitantes são obrigados a deixar seus pertences guardados antes de entrar no Museu e ai resta muito pouco a se preservar na tal cápsula xerox. Aliás, ter que deixar as coisas guardadas foi um problema para mim na exposição: deixei meus óculos da bolsa no armário e não pude ler quase metade das plaquinhas de identificação da exposição.

Além do filme Kiss, onde intermináveis beijos projetados na parede do museu nos despertavam sensações, adorei ver a série de polaroides. Tanto os auto retratos quanto as fotos de famosos (coisa mais linda o Mick Jagger novinho!!!).

A curadoria de "Andy Warhol - Arte e Práticas para o Dia a Dia" é de Jéssica Gogan, do Museu Andy Warhol, em Pittsburgh, Pensilvânia, de onde vieram as obras. O curador brasileiro da exposição é Luiz Guilherme Vergara. A mostra fica até 2 de julho no Maes.

(minha serigrafia d'apres Andy Warhol feita na exposição)

quarta-feira, 15 de abril de 2009

véus das palavras



Descortinar os véus
Das palavras não ditas
Das palavras mal ditas
Das palavras aflitas
Das palavras palafitas
Véus das palavras

terça-feira, 14 de abril de 2009

domingo, 12 de abril de 2009

Memória Perdida


Vídeo de Felipe Pereira Barros que gosto muito. A foto abaixo tem tudo a ver com memória perdida.

balanço

sábado, 11 de abril de 2009

Instante da Palavra



...como se fora seda
como se fora véu
um livro entre as maõs
palavras cheias de vida.

Todos os sentidos são
um véu cintilante
entremeado de alegrias e tristezas.

O mundo gira.

Fora da prisão
quantas vidas ainda pra viver
quantos rios ainda pra correr
tanto mar, quantas lágrimas
e apesar de tudo
muito por saber...
sete vidas
sete selos
sete chaves
sete portais de saberes
sete estrelas
sete chapéus
sete luas
sete sóis
tanta chuva...

em meio aos sentidos
o desafio
para o dia acontecer


Poema de Graça Graúna

quinta-feira, 9 de abril de 2009

O blog do vovô


Descobri recentemente que meu avô paterno, Eurípedes, de quem não me lembro (ele morreu quando eu ainda não tinha completado 2 anos de idade) mantinha um caderno de anotações dos acontecimentos importantes da família. Essa é a página onde está registrado o nascimento do meu pai, em 1928.

Meu avô escreveu no cabeçalho: "esse caderno nunca poderá ser destruído. É uma relíquia. É um pouco do nosso diário." Minha tia Nazinha (Edna) guardou o caderno. Ainda bem!
O mais estranho é o fato de meu avô não anotar no seu diário a morte de minha avó, Tercília. Ele não queria lembrar disso?

domingo, 5 de abril de 2009

"As pessoas têm que se indignar"


Em Vitória para participar do III Encontro Anual do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Denis Mizne, diretor executivo do Instituto Sou da Paz, deu uma entrevista muito boa ao jornal A Gazeta. Confira algumas opiniões de Denis:

"Entre 1982 e 2000, foram estabelecidos 82 novos crimes, foi criada a Lei dos Crimes Hediondos, multiplicou-se a população prisional no país, aumentou o número de policias, e qual foi o resultado? De outro lado, o discurso descompromissado da violência como conseqüência era irresponsável, porque as pessoas morrem aos milhares. Temos no Brasil mais de 100 pessoas assassinadas por dia. E quantas são roubadas, vítimas de furtos? É preciso romper com a dicotomia. A violência tem causas sociais, sim, que precisam ser combatidas, mas demanda uma agenda específica que envolve repressão de um lado, e prevenção de outro."

"(...) Assim, com uma mão nego a violência e com outra ofereço organização, trabalho comunitário, diálogo, envolvimento com esporte, trabalho, cultura. Uma política preventiva bem feita, com um bom diagnóstico, público certo, redução de acesso às drogas, de armas em circulação. Quando eu adoto esse pacote, com repressão e prevenção de qualidade, a violência cai."

"A violência é seletiva - morrem mais jovens negros, pobres, moradores de periferia das cidades -, mas o medo é absolutamente democrático, no Brasil e no mundo."

"É fundamental entender isso. Pobreza não causa nem é igual a violência. O que tem algum grau de relação com a violência? Desigualdade. A tensão entre pessoas com muito e pessoas com muito pouco; a ausência do Estado; uma sociedade de consumo que valoriza o ter, e que também valoriza a cultura da violência. Um cara andando de Ferrari ao lado de outro que não tem dinheiro para pagar a passagem do ônibus. A chance de isso dar um coquetel explosivo é enorme. Dizemos que violento é aquele cara que assalta, mas não falamos o mesmo daquele que sonega Imposto de Renda, suborna pessoas, desvia dinheiro público. Porque se a gente apontasse, de maneira séria, onde está a maior concentração de criminosos por metro quadrado, certamente falaria do Congresso Nacional. O número de congressistas acusados e processados é enorme. E ali não há pobre."

"No Brasil, falar de valor é visto como coisa de conservador. Mas nas comunidades onde a gente trabalha, vemos que quem segura muitas famílias são as mães, que não deixam os filhos desviarem. Porque a tentação é muito grande, mas a imensa maioria das famílias do Brasil está dentro da lei. Se 5% da população pobre do Brasil estivessem no crime, a elite já estaria dizimada, porque a desigualdade é brutal."

"O problema é grande, mas é preciso que cause indignação, e não impotência. Quem fica em casa só reclamando está impotente. As pessoas têm que se indignar e cobrar. Há saída, sou otimista baseado na realidade. E tem muita coisa que cada um de nós pode fazer. A gente pode ocupar os espaços da cidade, contribuir para uma vida mais coletiva. Podemos educar nossos filhos com uma cultura mais humana, de solidariedade, e não na lógica da violência, que valoriza que eles briguem na escola, que impressionem pelo tênis ou pelo relógio que usam. Na hora de votar devemos abrir mão dos nossos interesses mesquinhos, escolher bem. Cobrar resultado do prefeito, do governador, do conselho da comunidade. Exigir uma abordagem voltada para o resultado, e não para o discurso."

"Não há dúvida de que o mercado criminoso consegue agregar tanto valor à droga por ela ser proibida e ilegal, que cria uma lógica de grupos que conseguem ter acesso a armas poderosíssimas, disputar territórios de cidades e colocar em risco a própria soberania do Estado brasileiro. Ah, então legaliza? Não, mas deve-se separar o usuário leve do traficante de drogas. O tráfico de drogas, associado à lavagem de dinheiro, deve ser duramente combatido. Enquanto as drogas forem proibidas no Brasil, as pessoas que estão comprando a sua maconha, a sua cocaína, estão contribuindo para esse ciclo de mortes a que nós estamos assistindo. Não há como dissociar uma coisa da outra. O dinheiro que sai do bolso delas está gerando milhares de homicídios. Mas o problema não é só do consumidor, é também do Estado, que deve fazer o que puder para proibir a entrada da droga e das armas pelas nossas fronteiras."