segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Chuva


Chovia na janela. Chovia. Pingos finos, quase garoa, mas chovia. Depois de meses de poeira e calor, inverno fake, a chuva compassava música no quintal, aromatizava a casa de terra molhada. Ela chovia com a chuva, agasalhada, meias nos pés, café quente no início da noite, muita preguiça de tirar a roupa e deixar a água morna lavar o dia da pele. Ela chovia o seu falso inverno. Andava pela casa de meias, sem rumo certo, quarto, sala, cozinha, tentando lembrar de algo por fazer e sem vontade de fazer algo. Largar-se na frente da tv, talvez? Melhor ler um livro. Nem tv, nem livro, nem música – a chuva trilhassonorava a noite. A chuva que vinha das nuvens e a sua chuva interna, nebulosa, cumulus nimbus na alma. E ela abriu seu guarda-chuva cinza e agasalhou sua solidão.

Nenhum comentário: