quarta-feira, 30 de setembro de 2009
manhã
Na morna manhã azul o manjericão espraia seus verdes sobre o limite azulejado do canteiro. Respiro verdes e azuis: vivo
segunda-feira, 28 de setembro de 2009
Bem no fundo
No fundo, no fundo,
bem lá no fundo,
a gente gostaria
de ver nossos problemas
resolvidos por decreto
a partir desta data,
aquela mágoa sem remédio
é considerada nula
e sobre ela — silêncio perpétuo
extinto por lei todo o remorso,
maldito seja que olhas pra trás,
lá pra trás não há nada,
e nada mais
mas problemas não se resolvem,
problemas têm família grande,
e aos domingos saem todos a passear
o problema, sua senhora
e outros pequenos probleminhas.
(de Paulo Leminski, um cachorro louco)
domingo, 27 de setembro de 2009
sexta-feira, 25 de setembro de 2009
Perfeitamente infeliz
"O homem perfeitamente infeliz tem saúde de ferro; check-up e estação de águas todos os anos; seus males físicos são apenas dois: dor de cabeça (não toma comprimido porque ataca o coração) e azia (não toma bicabornato porque vicia o organismo). O pai e o avô do homem infeliz morreram quase aos 90 anos _e ele o diz frequentemente. Banho frio por princípio, mesmo no inverno, e meia hora de ginástica diária. O homem perfeitamente infeliz (...) não deve nada a ninguém; toma notas minuciosas de todas as suas despesas; nunca pagou nada para os outros; não avaliza nota promissória nem para o próprio filho; tem manifesto orgulho disso tudo.(...)
A força de vontade do homem perfeitamente infeliz é tremenda: deixou de fumar há 11 anos, três meses, cinco dias. Se não deixou, poderá deixar a qualquer momento. (...) em família, porta-se com severidade, falta de graça e convencionalismo; cita provérbios edificantes e ditos históricos; sua glória é poder afirmar, diante de alguém em desgraça: 'Bem que eu te avisei!'."
De "A arte de ser infeliz", crônica de Paulo Mendes Campos
quinta-feira, 24 de setembro de 2009
Tom Zé e o funk carioca
Ouvindo Tom Zé explicar o funk carioca, até dá vontade de tentar gostar do lance... Na verdade, meu grande problema com o funk (além das letras abomináveis) é o timbre de voz dos Funkeiros. Tenho o mesmo problema com os breganejos: aquela coisa que eles fazem com a garganta ao cantar toca alguma coisa em mim que me faz odiar esse tipo de música. Com o funk é o tom taquara rachada que me espanta. Se o funk fosse só o tamborzão, eu adoraria.
segunda-feira, 14 de setembro de 2009
América desnaturada
América do Sul
América do Sol
América do Sal
América do Sol
América do Sal
(início do poema Hip, hip, hoover!, de Oswald de Andrade)
Ó América que estás ao sul
Banhada pelo calor do sol,
América do pré-sal,
Da pré-história colonial,
Abismal e animal...
Ó América das negociatas escusas,
Dos políticos rastaqüeras,
América mãe desnaturada
Cujos filhos morrem à míngua
De fome, de ignorância, de solidão
Nas fétidas prisões dos teus porões.
Ó América minha terra ao sul
De onde não arredo meus pés cansados.
América que avisto tão linda
No Google Earth:
Montanhosa, verde e poderosa.
Vista assim de longe
Na tela do computador
Tu és a mais linda terra que há
Vista aqui de perto,
Na tela da Tv,
Tu não me mereces, América!
segunda-feira, 7 de setembro de 2009
Chove Chuva
Eu adoro o Jorge Ben Jor cantando Chove Chuva! A Miriam Makeba também não fez feio na sua versão: voz e performance deliciosas. Mas, quem arrasou mesmo cantando Chove Chuva foi o Topo Gigio:
sábado, 5 de setembro de 2009
Programação ruim?
Notícia no blog do Gabeira. Solidão é isso!
Um austríaco de Salzburgo, que provavelmente morreu há seis meses, foi achado nesta sexta-feira, 4, no sofá de sua casa, diante de um televisor ligado. Segundo a agência de notícias APA, nesse período, nenhum vizinho sentiu a falta do homem, apesar da imensa pilha de correspondência que se acumulava em frente à porta do apartamento dele.
O corpo do austríaco só foi descoberto porque a administração do condomínio ligou para a polícia após estranhar o longo sumiço do morador. "Abrimos a porta do apartamento e encontramos o cadáver no sofá da sala, com a TV ainda funcionando. Parece que o homem morreu em março", disse Rudolf Feichtiger, da Polícia local. Junto ao sofá, foi achada a programação da TV para o dia 12 de março, o que levou as autoridades a deduzirem que o homem, já aposentado, morreu nesse dia.
Um austríaco de Salzburgo, que provavelmente morreu há seis meses, foi achado nesta sexta-feira, 4, no sofá de sua casa, diante de um televisor ligado. Segundo a agência de notícias APA, nesse período, nenhum vizinho sentiu a falta do homem, apesar da imensa pilha de correspondência que se acumulava em frente à porta do apartamento dele.
O corpo do austríaco só foi descoberto porque a administração do condomínio ligou para a polícia após estranhar o longo sumiço do morador. "Abrimos a porta do apartamento e encontramos o cadáver no sofá da sala, com a TV ainda funcionando. Parece que o homem morreu em março", disse Rudolf Feichtiger, da Polícia local. Junto ao sofá, foi achada a programação da TV para o dia 12 de março, o que levou as autoridades a deduzirem que o homem, já aposentado, morreu nesse dia.
sexta-feira, 4 de setembro de 2009
Assinar:
Postagens (Atom)