quinta-feira, 5 de julho de 2007

Fragmentos de um roteiro

Interior. Luz fria de um corredor de prédio comercial.
Sara, uma jovem de 20 e poucos anos, está parada no corredor, em frente à uma porta, sozinha. Vacila um pouco e toca a campainha. A porta se abre e aparece um homem de cerca de 30 anos, muito bonito, alto, e sorridente. Close no rosto de Sara (espanto por ver um homem tão bonito).
Sara: Consultório do Dr. Marco?
O homem sorri e faz que sim com a cabeça.
Sara: Oi, Meu nome é Sara. Eu liguei hoje cedo, pelo anúncio. O Dr. Marco...?
Close no rosto dele: sorrindo, avalia com os olhos a mulher.
Marco: Oi, Eu sou o Marco. (Indica com a mão a poltrona e sentam-se um em frente ao outro) Você tem experiência em consultórios?
Sara (séria): Nenhuma, mas tenho experiência com pessoas. Já fui vendedora. Não deve ser muito diferente, acho.
Marco: É, tem razão, aqui também é um trabalho na área de vendas.
Sara (sorri e se descontrai, surpresa com a resposta): Você vende felicidade, não é?
Marco (sorri): Mais ou menos. Você vendia o que?
Sara (encolhe os ombros): Livros. Trabalhei numa livraria.
Marco (sério): Esse foi seu primeiro emprego?
Sara (séria): Não, antes disso trabalhei num jornal, na minha cidade. Fazia pesquisa para a redação.
Marco (sério): Que tipo de pesquisa?
Sara: (séria): Material para fomentar as matérias dos jornalistas: vida de personalidades e artistas, história de bairros, empresas e instituições, essas coisas.
Marco: (demonstrando interesse): Trabalho interessante. Deve ter te ajudado bastante quando você trabalhou na livraria.
Sara (sorrindo): É verdade: não li todos os livros que vendi, mas li tantas resenhas e sobre tantos autores que posso convencer qualquer um que o livro é ótimo.
Os dois riem, olhando-se fixamente. Ele demonstrando interesse, ela, um pouco tímida.
Marco: Você estuda?
Sara (séria subitamente): Não. Fazia Artes Plásticas, mas abandonei o curso. Vou fazer um novo vestibular.
Marco (demonstrando interesse): Por que parou?
Sara (encolhendo os ombros): Descobri que sou só uma apreciadora de arte, mas não tenho o menor talento. Vou tentar vestibular para Letras.
Marco (brincando): Só não vai descobrir que é só uma apreciadora de literatura, mas não tem o menor talento...
Os dois riem. Depois fica um silêncio meio constrangido.
Ele quebra o silêncio: Você pode começar amanhã de manhã? Começo a atender às 10h, então você tem que estar aqui às nove. A faxineira vai estar aqui. Ela trabalha no prédio. Vou avisá-la hoje que você começa a trabalhar amanhã às 9h. Minha agenda está dentro do consultório. O que você tem que fazer é olhar o que tenho na agenda, atender telefone e organizar as fichas dos pacientes. Nada de complicado. Mas tem outro trabalho que precisa ser feito: escrevo artigos e preciso que você digite esse material. Você é boa digitadora?
Sara: Sou razoável. Nunca contei quantas palavras faço por minuto. Digito meus próprios textos e algumas coisas de trabalho. Se você precisa de uma secretária muito experiente nisso, eu não sou indicada. Mas acho que a prática pode melhorar isso. Você não vai estar aqui amanhã quando eu chegar?
Marco: Não. Só chego às 10. É o horário do meu primeiro paciente. O nome dele é Jader. Ele geralmente chega cedo. (sorrindo): vai estranhar de não encontrar a porta fechada.
Sara: Seus pacientes tinham que esperar você no corredor do prédio?
Marco: Pois é. Ainda bem que eles são pacientes.
Ambos riem do chiste. Silenciam. Fica um silêncio meio constrangido no ar até que ela se levanta e pergunta: posso ver seu consultório? Nunca vi um divã de psicanalista ao vivo...
Ele ri: não tenho divã. Tenho uma poltrona confortável para os pacientes e outra pra mim.
Sara: ah! (decepcionada). Então tá tudo certo? Começo amanhã, ok? Como é o nome da faxineira?
Marco: faxineira?
Sara: sua faxineira, que trabalha no prédio. Ela está com a chave, né isso?
Marco: É. Keyla. O nome dela é Keyla. Pode pegar a chave com ela. Vou avisar hoje.
Sara: Então, tchau.
Marco: até amanhã.
Sara: Até.
Nenhum dos dois se move. Ficam olhando um para o outro por um longo tempo. Fade

5 comentários:

Duda Bandit disse...

bem vinda ao universo dos blogs, você começou bem pra caramba... é um belo roteiro.


beijos.

Anônimo disse...

Ilha,

Que surpresa o seu roteiro! Segue quando? Grande figura você.
Do blog o que mais gostei foi da classe. Queria fazer um também já tenho dois esboços no word press mas me atrapalho muito com as ferramentas e não tenho muito tempo sobrando. Vou ir seguindo o seu pra imitar.

Parabéns
e bjs

Spírito

Dâmaris Machado disse...

Olá, li um pouco sobre o projeto que você participou " " e queria convidar o filme para participar do II FASAI CINE VIDEO de cinema sócio-ambiental.
A seguir vem mais infos sobre ele. Qualquer dúvida escreve para producao@fasai.com.br
Grata, Dâmaris Machado.

Abertas as inscrições para o II FASAI CINE VÍDEO.



O II FASAI CINE VÍDEO – Festival Americano de Cinema e Vídeo Sócio-Ambiental de Iraquara, está com suas inscrições abertas de 15 de agosto a 15 de outubro de 2007. Filmes e vídeos com temática sócio-ambiental produzidos nas Américas a partir de janeiro de 2000 podem se inscrever acessando www.fasai.com.br.
O festival será realizado de 12 a 16 de dezembro de 2007 na cidade de Iraquara na Bahia.
Os filmes selecionados para a Mostra Competitiva concorrerão aos seguintes prêmios:



1. Troféu e R$ 10.000,00 (dez mil reais) para o melhor filme;



2. Troféu e R$ 5.000,00 (cinco mil reais) para melhor a produção baiana;



3. Troféu e R$ 5.000,00 (cinco mil reais) para o melhor documentário;



4. Troféu e R$ 5.000,00 (cinco mil reais) para a melhor ficção;



5. Troféu e R$ 5.000,00 (cinco mil reais) para a melhor animação;



6. Troféu e R$ 3.000,00 (três mil reais) para a melhor obra na opinião dos jornalistas que fazem a cobertura do FASAI CINE VÍDEO;



7. Troféu e R$ 3.000,00 (três mil reais) para a melhor produção de acordo com o Júri Popular.



Para mais informações visite nosso site www.fasai.com.br ou entre em contato producao@fasai.com.br.


Atenciosamente,


Equipe do II FASAI

producao@fasai.com.br
www.fasai.com.br

Guruçá surfe disse...

Tudo bem,

eu estava vendo alguns de seus textos e fotos e resolvi escrever pois tenho uma revista em Vitória, a Moment, e gostaria de ter algumas de suas matéria publicadas nela.
Você pode acessar a revista no www.revistamoment.com.br, onde temos a versão virtual.

Anônimo disse...

intiresno muito, obrigado